quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Qualidade do ensino depende de formação

Qualidade do ensino depende de formação

13/08/2008 16:27

“Precisamos formar 100 mil professores por ano”, disse o ministro da Educação, Fernando Haddad, durante a 72ª Reunião Ordinária do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes), nesta quarta-feira, 13, na sede da instituição em Brasília.

Em reunião com reitores de universidades federais, o ministro defendeu a criação de um sistema nacional de formação de professores para a educação básica. Para Haddad, é preciso aumentar o percentual de profissionais, que dão aula em escolas públicas, formados pelas universidades federais. “Pelo menos 70 mil professores por ano devem ser formados pela rede pública”, afirmou referindo-se também às universidades estaduais e municipais.

A qualidade do ensino, disse Haddad, depende da qualidade dos professores. Na visão do ministro, para que a formação dos profissionais seja de qualidade, é preciso que o governo federal assuma a tarefa e trate o magistério como carreira de estado. “A cada censo escolar, o número de professores formados aumenta. Mas, isso não repercute no aprendizado. A União deve assumir a tarefa de formar a maioria dos professores por meio de sua rede de educação superior e profissional”, enfatizou.

O ministro destacou que a criação dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia (Ifets), da Nova Capes e das bolsas de iniciação à docência, assim como o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e a Universidade Aberta do Brasil (UAB) são medidas que ajudam a tornar possível a criação do sistema. “Temos recursos e instrumentos legais. Agora, é assumir o compromisso de aumentar a proporção de professores formados pela rede pública”, propôs Haddad.

De acordo com o ministro, a formação dos professores ficou relegada exclusivamente a estados e municípios, mas, na visão dele, cabe à União a competência prioritária pela tarefa, em parceria com estados e municípios, para os quais a competência pela formação deve ser subsidiária. “A criação do sistema exige um regime de colaboração”, atestou.

Segundo Haddad, a educação já demonstrou uma melhora considerável, como revelou a última medição do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2007. “O país atingiu as metas para 2009”, comemorou. De outro lado, o ministro fez um alerta: para que o ciclo de desenvolvimento da educação se sustente, é preciso investir em professores bem qualificados.

Para isso, Haddad defendeu três ações: a adoção do piso nacional do magistério de R$ 950, a criação de uma carreira atrativa para que o jovem se interesse pela profissão e a formação do professor. “Não adianta remunerar bem sem se preocupar com a qualidade”, destacou. Sobre a carreira do magistério, o ministro adiantou que diretrizes sobre o assunto estão em discussão.

Piso — Em relação à adoção do piso do magistério, o presidente da Andifes, reitor Amaro Lins, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), defendeu um processo permanente de valorização do professor. “Por isso, é fundamental que o piso seja implementado imediatamente”, enfatizou.

Comentários de Maria Clara Machado

Formação de Professores

Ministro quer instituições públicas de ensino implicadas na formação do professor

27/08/2008 12:29:53

Cerca de 750 mil alunos estão matriculados em cursos de graduação em 46 instituições ligadas à Associação Brasileira de Reitores de Universidades Estaduais e Municipais (Abruem). Dirigentes dessas instituições estão reunidos nesta quarta-feira, 27, em Brasília, para discutir com especialistas e técnicos do Ministério da Educação medidas como a construção de um sistema nacional de formação de professores.

“Queremos aumentar o percentual de professores das escolas públicas formados em instituições públicas”, disse o ministro da Educação, Fernando Haddad, na abertura do painel Oportunidade nas Políticas Públicas do MEC para Universidades Públicas e Particulares. Segundo o ministro, a educação superior brasileira responde por mais de 2% da produção científica mundial — supera o desempenho de países como Israel, Suíça e Suécia. Além disso, afirmou, o país é o 15º no ranking dessa produção.

Na visão do ministro, falta, porém, construir pontes entre a educação superior e a básica para que a qualidade das universidades alcance as escolas públicas. “Precisamos construir duas pontes: uma para melhorar a qualidade do ensino e outra para aumentar a produtividade do trabalhador”, afirmou. Para isso, destacou a importância da criação de um sistema nacional de formação de professores para a educação básica que integre todas as instituições públicas de educação superior — federais, estaduais, distritais e municipais. “Estamos recolhendo todos os programas de formação e construindo um marco regulatório para dar consistência ao sistema de formação de professores”, adiantou Haddad.

Um primeiro esboço do sistema de formação ficará pronto até o fim do ano, com a edição de portaria. Entre as sugestões do ministro para que as instituições estaduais e federais ampliem a participação na formação de professores está a ordenação de um plano de expansão de licenciaturas presenciais. “Queremos que as instituições se comprometam com as licenciaturas”, enfatizou.

Inteligência — Além da formação de professores, as parcerias com as instituições de educação superior de estados e municípios podem ajudar o MEC, na avaliação do ministro, a acompanhar o andamento dos planos de ações articuladas (PAR) de cada estado, município ou do Distrito Federal. A partir de um diagnóstico das dificuldades locais, o PAR identifica ações específicas para melhorar a realidade educacional. “Precisaremos da inteligência das universidades”, destacou.

O sistema nacional de professores e o regime de colaboração em torno da gestão integram o sistema nacional de educação, que está “em gestação”, segundo Haddad. Outro componente do sistema é o de avaliação, estruturado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), considerado referência na área.

“Nosso maior objetivo é somar forças para tomar decisões, com impacto em médio e longo prazo, que dêem sustentação às metas previstas no PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação)”, disse o ministro.